sábado, 9 de dezembro de 2017

ERA ESTRANGEIRO E ME ACOLHESTE

Era o dia 03.12.2017. Tarde de muito sol. A Avenida Paulista estava em festa. Bandeiras multicores desfraldavam.  O clima era de mundialidade. Bandeiras de Bolívia, Chile, Angola, Mauritânia, Senegal, Mali, Haiti, República Democrática do Congo, Paquistão, Bangladesh e Palestina, entre outras, davam uma ideia da diversidade presente na Marcha.Eram 4000 participantes. A banda de música, os tambores, flautas e outros instrumentos andinos, com seus ritmos próprios, davam um  toque de alegria pluricultural. O povo na rua com seus traços multirraciais anunciava que algo importante estava acontecendo. Trabalho de mobilização muito grande feito por muitos imigrantes latino-americanos, africanos e asiáticos, o que revela um processo de empoderamento do migrante, das redes e dos contatos pessoais.
Não era uma manifestação política do Movimento social “Vem Prá Rua”  e nem  do “Povo sem Medo”,  e muitos outros movimentos que marcaram presença na Avenida Paulista nesses últimos tempos. Era a 11ª Marcha dos Imigrantes, lutando PELO FIM DA INVISIBILIDADE DOS  IMIGRANTES. Marcha que foi instituída pela ONU em 18/12/1990 e que faz parte da mobilização mundial dos imigrantes. Este ano os imigrantes foram convidados a marcharem em prol da sua visibilidade enquanto sujeitos de direitos, ressaltando sua importância sócio econômica, cultural, histórica no desenvolvimento da sociedade brasileira.
Eu vi: crianças, jovens, mulheres, homens com seus trajes coloridos, o sorriso no rosto, em ritmos variados de danças, típicas das planícies e das alturas dos Andes anunciando: Estamos aqui. Viemos do frio e da neve das altas montanhas e das costas tropicais deste Continente. Viemos dos mares longínquos das costas africanas e aqui estamos. Viemos para ficar. Por isso lutamos, por isso dançamos, por isso cantamos, por isso marchamos.
QUAIS SÃO NOSSAS BANDEIRAS DE LUTA?
1 – Visibilidade e garantia de direitos para todas as pessoas imigrantes do mundo.
2 – Pelo fim do trabalho escravo e Contra a Portaria do Ministério do Trabalho nª 1129 de 13/10/2017.
3 – Pela regulamentação e implementação da nova Lei de Migração.
4 - Pelo Fim das deportações.
5 – Pelo direito de votar e ser votado.
6 – Pela Anistia aos imigrantes.
7 - Pelo fim da descriminação e xenofobia.
8 – pela ratificação dos tratados internacionais
9 – Pelo livre trânsito e residência para todos e todas.
10 -Pelo direito à educação, saúde, assistência social e moradia de qualidade.
11 – Pelo trabalho decente e justiça gratuita.
12 – Pela implementação de políticas publicas para todas as pessoas imigrantes.
13 – Pelo fim da exploração dos imigrantes.
14 – Por cidadania universal.


Nessa luta, estamos nós, as Missionárias Combonianas, que vivemos na zona leste de S. Paulo.  Decidimos acolher o apelo do Papa Francisco e plantar nossa tenda nessas periferias existenciais da Humanidade, solidarizando-nos com suas lutas, suas dores e lágrimas, conscientes de que a realidade do imigrante nessa cidade grande é missão através da qual Deus nos interpela como interpelou a comunidade de Mateus:“Era estrangeiro e me acolheste”(Mt 25,35).
                                                                                09.12.17
Amine Abrahao da Costa
Missionária Comboniana


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